sábado, 12 de fevereiro de 2011

Kiddo, She's a Woman Now

Parecia, gesticulava e falava como David Carradine. "Kiddo, she's a woman now". Atrás da voz rasgada e das rugas, havia alguém que sabia o que estava dizendo. Olhava para o horizonte e tragava com vontade o cigarrinho que segurava com o polegar e o indicador.


Kiddo, she's a woman now.


"E você, rapaz, ainda é só um garoto. Um moleque", vociferou o velho. Foi aí que o moleque empunhou a espingarda e atirou, direto nos miolos do velho. Tão experiente, tão sábio, morreu. Estava certo demais e, às vezes, ouvir a verdade, dói.

Texto Antigo e Sem Título

Não é a vaga sensação de perder que tem afundado meus olhos. Não estou competindo por nada pra declarar estado de ganho ou de perda, você sabe bem da minha apreensão a aceitar desafios. Discorri durante horas com você sobre esses conceitos, e você ensaiou me encorajar, me desafiou a aceitar os desafios, mas tão logo percebeu que eu não deveria fazê-lo, de fato. Sou boa perdedora, mas ninguém gosta de perder. E, se a vida já me fez nascer com o dom de perder sempre, pra quê contrariar e insistir em mais pequenos fracassos vãos?
É um pouco desse celular que não toca. É a falta. É a falta. Falta que não supriste com teus discursos calculados, tua estratégia arquitetada para me ter só pra satisfazer teu ego. Falta que não supriste com tua cara de deboche, nem com a tua voz mansa quando a mim direcionada a tua fala.
É um vazio. Vazio que não preencheste com teu hálito me provocando arrepios. Vazio que não preencheste com teus dedos, tuas costas, tua boca, tua nuca. Vazio que não preencheste com teus beliscões de brincadeira de fingir que te atinjo. Vazio que existe a cada partir teu.
Sei que não fui um prêmio muito satisfatório, mas fui teu. Conseguiste o que queria, e, desde então, cada pensamento meu é direcionado a ti. Os bons, os maus, os médios. Fizeste-me voar, mas foi tão pouco. Tão baixo, tão raso, tão superficial. Quando eu acabava de decolar, logo era empurrada pra baixo. De cara no asfalto. De volta à realidade, cinza de pedra.
O vazio coexiste em mim, e eu não o agüento mais. Tem tirado a minha capacidade de sonhar, e esta sempre foi minha maior virtude, senão a única. Não sonho mais. Poderia te desafiar, mas sinto que recusarias não por teres receio, como eu. Sei que adoras um desafio. Se, por ventura, aceitasses, meu desafio seria esse: me faz sonhar pra sempre. Ou, pelo menos, até amanhecer. E que amanhecesse um dia limpo, sereno e livre.
Mas, o recusarias porque já sou teu prêmio, não há porquê fazer mais. Prêmio, não ris? Quando é que me veio essa arrogância de repente? Sou brinde, se muito for. Mas teu. Teu, teu, teu. Enquanto meu, só o vazio, porque, de ti, não tenho nada.